Em mais uma temporada de campanhas eleitorais, a cena se repete: políticos que há anos não pisavam em uma comunidade, de repente, surgem de forma reluzente, apertando mãos, tirando selfies e prometendo soluções mágicas para problemas crônicos. Esses "salvadores" aparecem nos palanques, sorridentes e afáveis, como se a relação com o eleitorado fosse sólida e contínua. No entanto, para muitos cidadãos, essa proximidade soa como uma farsa — uma estratégia calculada e artificial que se desmancha logo após as urnas serem fechadas.
É difícil não se sentir traído quando, por quatro anos, os mesmos candidatos estiveram ausentes das necessidades e clamores da população, mas, como um passe de mágica, reaparecem quando seus interesses eleitorais são colocados em jogo. A política, que deveria ser um exercício contínuo de diálogo e prestação de contas, é reduzida a uma transação sazonal, onde o eleitor é tratado mais como um número estatístico do que como um cidadão com direitos e voz ativa.
O eleitorado já não é tão ingênuo quanto outrora. As promessas feitas às pressas e os projetos mirabolantes apresentados sem planejamento realista, são, cada vez mais, recebidos com ceticismo. A era da informação trouxe um eleitor mais crítico, que percebe quando está sendo usado apenas como um trampolim para carreiras políticas. Mais do que nunca, há uma cobrança por uma presença efetiva e constante, e não apenas a conveniência de última hora.
A verdadeira crítica a esses candidatos de ocasião reside no fato de que, ao ignorarem o povo nos períodos não eleitorais, eles ignoram também a própria essência da democracia. A participação política não deve ser uma via de mão única, onde o eleitor é chamado a participar apenas quando interessa ao candidato. Deve ser, ao contrário, uma construção coletiva e contínua, onde o político atua como um verdadeiro representante, presente nos desafios e nas conquistas diárias do povo.
Chegou o momento de repensar nosso papel como eleitores e exigir mais daqueles que pretendem nos representar. Não podemos mais aceitar que a política seja reduzida a um espetáculo sazonal, onde os atores só aparecem em cena quando lhes convém. Precisamos de lideranças comprometidas, que estejam ao lado da população em todos os momentos, e não apenas nas vésperas das eleições. É hora de transformar o ciclo eleitoral em um verdadeiro ciclo de cidadania e responsabilidade.
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