No Dia dos Pais, o mais comum é o presente ser para eles. Mas no caso de Carlos Augusto foi o pai que resolveu presentear o filho pelo milagre que é tê-lo em sua vida. Há 19 anos, Henrique nasceu com o diagnóstico de uma má formação chamada espinha bífida, que poderia impedi-lo de andar. Após uma série de cirurgias ele conseguiu caminhar. Hoje está no quarto semestre do curso de Direito e estagia no Tribunal de Justiça.
O presente do pai? Esse surgiu de uma necessidade. Carlos está desenvolvendo um aplicativo dentro do programa Social Good Lab para que pessoas com problemas de locomoção possam consultar de forma fácil informações sobre locais de eventos, restaurantes, bares, hotéis, shoppings e qualquer outro empreendimento. A tecnologia ainda está em desenvolvimento e só deve ir ao ar em 2016, mas já tem nome: Eu Chego Lá.
– A gente fez um bate-papo informal com o time de basquete de cadeira de rodas de Brusque. Fizemos outras entrevistas aqui em Florianópolis. Basicamente, a informação não existe. Eles querem sair para tomar uma cerveja ou sair para ir a um teatro ou outro lugar e não sabem se aquele local tem condições de atendê-los ou não. Então acabam indo sempre aos mesmos – diz o pai.
Caminho bloqueado para o sonho de um roqueiro
Na verdade, é uma ideia do pai e da mãe. Carlos Augusto, economista, e Graziela Alperstedt, professora de Administração na Udesc, viram a decepção do filho roqueiro por não conseguir ir ao show do Kiss em Florianópolis em abril deste ano. Tiveram muita dificuldade em conseguir informações sobre a acessibilidade do local que receberia a banda americana.
Henrique consegue caminhar com o uso de muletas, mas o problema é ficar muito tempo em pé, já que suas pernas não têm muita força. Receberam como sugestão do atendimento do evento comprar um camarote e chegar muito cedo. Decidiram não ir. O problema era parecido com outro que tiveram em São Paulo quando foram ao show de Paul McCartney.
– Eu ando de muleta. Não sinto tanta dificuldade a ponto de não poder ir a um lugar por falta de acessibilidade. Fica mais complicado, mas eu consigo. Só que noto algumas coisas, principalmente para cadeirantes, de vários lugares onde o acesso será muito difícil – explica Henrique.
Experiências de Henrique deram inspiração para criar o aplicativo
Do problema pessoal, surgiu uma ideia que pode melhorar a vida de muita gente. Agora estão trabalhando pai, mãe e filho para desenvolver a solução. O projeto deve funcionar como outros aplicativos do mercado, por meio de colaboração de todos os usuários.
Quem encontrar facilidade ou dificuldade para acessar um local vai escrever essa avaliação na ferramenta, ficando disponível para todos os outros usuários consultarem. De forma colaborativa, a vida de quem tem problemas de acessibilidade ficaria mais fácil.
– A gente acha que a longo prazo o aplicativo possa começar a incentivar uma mudança (para que os estabelecimentos se adaptem) – aposta Graziela.
Quem está ajudando a viabilizar a iniciativa é o Social Good Brasil, uma organização que incentiva e promove o uso das tecnologias, de novas mídias e pensamento inovador para contribuir com a solução de problemas sociais. O Lab é um programa criado para ajudar a desenvolver essas ideias. Carlos Augusto e Graziela foram selecionados dentre mais de 400 inscritos de todo o Brasil.

Fonte: http://osoldiario.clicrbs.com.br/sc/cidades/noticia/2015/08/pai-desenvolve-aplicativo-para-ajudar-filho-com-dificuldades-de-locomocao-4820490.html

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